Air bag pode salvar vida de motoqueiro:




Equipamento de segurança que é vestido como uma jaqueta é usado há 17 anos no Japão.
   
Enquanto o poder público ignora as estatísticas de acidentes de trânsito envolvendo motociclistas – que só em São Paulo apontam a morte de pelo menos 1,4 ocupante de moto por dia –, as empresas se antecipam e trazem ao mercado equipamentos de segurança cada vez mais sofisticados. O mais novo deles é a jaqueta com air bag, que há 17 anos vem sendo usada com sucesso no Japão, tornando-se item obrigatório de proteção nas polícias japonesa e francesa.
   
O air bag chegou ao Brasil em janeiro, trazido com exclusividade pela Denko. Mas, por enquanto, só está à venda em São Paulo, no Shopping Moto & Aventura (na Alameda Barão de Limeira, 71), e na cidade catarinense de Chapecó.
   
A jaqueta vem com um cabo expiral que é conectado ao chassi da moto – à exemplo do jet-ski – e tem um tubo de CO² acoplado em um bolso interno . Em caso de queda, ao sofrer um impulso entre 25 e 30 quilos, o sistema é acionado e inflado em 0,25 segundos (literalmente em um piscar de olhos).
   
O equipamento tem air bag na frente, nas costas, no pescoço e nas laterais. Segundo Milton Nakamura, executivo da Mugen Denko do Brasil, ele protege do efeito chicote do corpo, que faz rodar ou arrasta a pessoa, e de impactos, principalmente em coluna e bacia.

Causa Própria:
Nakamura conta que o engenheiro elétrico Kenji Takeuchi, criador do projeto no Japão, desenvolveu o air bag após um período de luto em razão da morte de um ente querido em acidente de moto.
   
A jaqueta custa R$ 2.488 e o cilindro de gás carbônico que a acompanha – e é trocado – mais R$ 73. Nakamura lamenta que, infelizmente, por causa do preço, poucos motociclistas podem ter acesso ao equipamento que poderia evitar tantas mortes. ''Apenas de impostos pagamos 82% do valor'', diz.
   
Segundo a gerente da loja Denko, Alice Okawa, até agora mães, mulheres e namoradas de motoqueiros têm sido as principais interessadas na compra do equipamento, que tem três versões diferentes.

Motociclista é habilitado longe da realidade do trânsito:
Um dos fatores que ajudam a engrossar as estatísticas de acidentes de moto, na opinião de José Eduardo Gonçalves, diretor da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), é a falta de instrutores altamente qualificados para treinar pilotos em direção defensiva.
   
''As moto escolas dão as condições necessárias para o piloto se habitar. Apenas isso. O perfil delas é semelhante ao de cursinhos de vestibular, que se limitam ao básico com vistas ao sucesso do aluno na provas'', diz.
   
A Abraciclo, afirma Gonçalves, defende a realização de exames práticos também nas vias de trânsito intenso. ''Hoje as provas são feitas apenas em circuito fechado e o motociclista não é colocado em contato com a realidade do trânsito, com vias esburacadas, bueiros abertos e outros obstáculos'', comenta.
   
Segundo um levantamento feito pelo Instituto de Ortopedia e traumatologia do Hospital das Clínicas com 255 pacientes acidentados com motocicleta, 67% utilizavam a moto apenas como meio de transporte e não como ferramenta de trabalho.
   
Isso significa que não são os motoboys as principais vítimas do trânsito, mas as pessoas que usam o veículo esporadicamente. A partir do segundo semestre, a Companhia de Engenharia de Tráfego, em parceria com o HC e a Abraciclo, vai realizar, pela primeira vez, estudo das  causas reais dos acidentes de moto. Especialistas em trânsito defendem a adoção de medidas de impacto para conscientizar a todos, motoristas e pilotos, da necessidade de respeito na direção.

Um comentário:

  1. que bacana!
    gostei da reportagem, parabens pelo seu trabalho

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